quarta-feira, 2 de abril de 2014

The fi(a)nal frontier

Quantos milhares de homens já deram por si à janela da cozinha, numa noite de lua cheia, a suspirar por um ânus apertado por onde fazer passar a sua masculinidade?

Quantos, desde o início dos tempos, terão regateado, chantageado e chegado a impor a sua vontade, face ao desejado evento do sexo anal?

Numa mudança de posição, confrontados com a oportunidade (aparentemente) certa, quantos terão tentado fazer(-se) deslizar para diferentes paragens, apenas para serem violentamente acordados na linha da meta, por um estridente “Oi, mas aonde é que tu vais? Não é aí!”?

Por que será que tantos homens anseiam por (um) cu?

Sendo mulher, e por isso mera observadora desta vontade gulosa, suspeito que seja uma combinação de fatores.

A questão anatómica - por ser um canal mais estreito - terá o seu contributo. Mas se fosse só isso, a humanidade já teria acrescentado ao sexo vaginal, oral e anal, o sexo nasal.

E era ver, mundo fora, mulheres de rua com as narinas deformadas e cheias de estrias. Mulheres jovens a pedir envergonhadamente às esteticistas pistas de aterragem ou, em ocasiões especiais, narizes completamente depilados. Mulheres cansadas a usar com frequência o argumento “Hoje não. Estou com sinusite.” E as resolvidas a comprar tampões vibratórios que os seus homens lhes inseririam no nariz durante o sexo. Para as mais devassas, haveria modelos de entrada dupla.

Filmes eróticos de sucesso incluiriam êxitos estrondosos como “Nariz Fundo” ou “O Império do Olfato”. No mais recente do Lars Von Trier, “Ninfomaníaca”, seriamos brindados com uma cena de 15 minutos entre a protagonista e duas embalagens de Nasex Nebulizador. O Pinóquio seria exibido em sessões contínuas no Cine Paraíso.

Portanto, o aperto conta, mas não será tudo.

A submissão - ou, antes, a ilusão da submissão -, pela posição que habitualmente se associa a este tipo de sexo, poderá ser outro fator. O macho gosta de controlo. Está no seu código genético. O domínio da situação pode funcionar como um elemento de excitação, ainda que não em absoluto.

Há muitos homens que procuram na cama exatamente o oposto. Homens com poder que querem ser subjugados por mazonas vestidas de preto e armadas até aos dentes com chibatas, velas e botas pontiagudas. Nem um pingo de misericórdia naqueles corpos cobertos de cabedal - e eles adoram.

Controlar a situação pode contribuir para este popular anseio masculino mas será apenas isso?

Quebrar barreiras. Explorar novos territórios. Enfrentar criaturas mitológicas com uma espada de carne. Espetar bandeiras de sémen onde uma pequena penetração pode ser pequena para um homem, mas gigante para uma mulher.

Serão na verdade os nossos homens uns nostálgicos? Procurarão eles nos nossos traseiros, as infâncias perdidas? As histórias de heróis e de bandidos? O fascínio das missões espaciais? Quererão eles ser exploradores marítimos, embarcados em naus com nádegas, expostos ao escorbuto e a canais retais mal lavados, com o objetivo apaixonado de descobrir terras paradisíacas? Será isso?

Talvez seja tão-somente esta combinação de fatores mais um outro decisivo: é uma janela de oportunidade que surge em quantidades mais reduzidas. É um bem mais escasso. É um pote de ouro no final de um arco-íris. É algo que muitas mulheres só proporcionam a quem verdadeiramente amam. Haverá muitas que o fazem por genuíno prazer - não duvido. Sei que há. Conheço uma ou duas. Mas arriscaria dizer que a maioria o faz pelos seus homens. Pelo brilho no olhar. Pela alegria inocente. Pelo sorriso genuíno.

E porque a seguir lhes podem pedir que levem o lixo, sequem a loiça e lhes aspirem o carro. E eles lá vão. E felizes.

Caros leitores do género masculino, se tiverem respostas para nós, é chegarem-se à frente.
Vão ver que não dói nada.

 
 
 
 
 
 

13 comentários:

  1. Eu não tenho janela na cozinha....mas gostava :)

    No meu caso aprecio porque....é bom.
    Por todos os fatores que enumeraste: a posição,o aperto,as sensações.

    E levo o lixo á rua anytime ;)

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  2. - Canal estreito
    - Fruto proibido
    - Submissão

    São tudo leituras válidas.

    http://i.imgur.com/d9BQdmP.jpg

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  3. No meu caso, não sou particular fã do sexo anal, mas há dias em que para variar, até nem desgosto. Mas só MESMO para variar e só se as duas partes estiverem de acordo. Posso dizer, inclusivamente, que há bastante tempo mesmo que não o pratico.

    Não é algo que me seduza por aí além. Não me é mais agradável que o sexo vaginal ou o oral, esses sim excelentes quando bem feitos com vontade. E tenho a certeza que, devido à minha "robustez", não é muito agradável para a maioria das mulheres. Por isso não faço grande questão.

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    1. Ah Ah. Resposta típica de macho.

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    2. Vais ter que elaborar essa resposta, com os motivos pelo qual afirmas isso... Porque eu sou considerado pelas mulheres da minha vida diferente da manada precisamente por não ser fã de anal...

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    3. A referência à "robustez", amigo. A "robustez".

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    4. AH... Então elaboro eu. Não é o comprimento, é a grossura.

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  4. Não me proporciona especial prazer nem peço a nenhuma mulher se o posso fazer.
    Mas, se mo pede, faço-o para satisfação dela. Confesso de todas as vezes (não muitas) que tive sexo anal, só duas me ficaram na memória.
    Apesar de tudo é sabido que há mulheres que retiram do sexo anal muit prazer.
    O sexo anal talvez seja mais um tabu, um preconceito ou um "fruto ainda mais proibido" daí talvez a vontade em que se realize. talvez, não sei.
    O sexo anal é mais como uma espécie de efeito...bolas como se chama, aquilo dos estudos dos medicamentos, aqueles que são falsos medicamentos...pronto não me lembro....mas eé isso. o sexo anal é isso, aquele efeito...****** e não me vem merd* da palavra!

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  5. Isso!!! não é???!!!!!!! eu acho que é!!!! :)
    olha mulher, tb tenho um atsco, muito manhoso e que se calhar nem vais gostar, mas fica a indicação: http://showaboutnothing09.blogspot.pt/

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  6. Adoro sexo anal mas nunca peço sexo anal. Em matéria de cama, aguardo que me ofereçam, se quiserem oferecer (já tive relações inteiras com pessoas que amei de verdade e com quem tinha profunda compatibilidade sexual com quem não tive uma única vez sexo anal ... é um facto que também não perduraram, apesar de não achar que tenha sido esse o factor determinante) . Na verdade, entre duas pessoas que se gostam, sexo é muitos sentidos uma oferta ao outro. Servir quem se ama. A sexualidade para mim é um caminho. Quanto mais fazes maior a sintonia. Não digo isto para me estar a armar em engatatão ou no melhor amante (sou um gajo banal, nada de especial em mim) mas sempre achei que se for feito verdadeiramente a dois, detesto soar a lamechas, o sexo é uma caminhada. Ajudas, aprendes, repetes e experimentas a dois. Uma das paragens é o anal. Não devia ser tabu, sempre foi assim, sempre será.

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