segunda-feira, 7 de abril de 2014

Alberto Caeiro, Guardador de Rebanhos. Mulher de Sonho, guardadora de...

Eu sou, de longe, a pessoa mais estranha que conheço.
(E fascinante)
(E bela)
(E estranha)

Na sexta-feira saí do meu gabinete para ir à casa-de-banho. Levava comigo uns documentos para entregar (ficava em caminho), o telemóvel e o batom (foi depois do almoço, ia retocar).

Desfilei corredor fora, entreguei os documentos, fui à casa de banho.
Quando acabei de lavar as mãos, olhei para a bancada e nada. Só lá estava o telemóvel. O batom, nem vê-lo.

Regressei ao compartimento individual (não sei que raio de nome dar aquela coisa - mas é a casinha dentro da casinha). Nada.
Apalpei-me toda (primeiro para ver se o tinha nos bolsos, depois porque me entusiasmei) (ainda soltei um “és tão boa”) (ninguém ouviu). Nada.

E então segui para onde tinha entregue os documentos.
“Deixei aqui um batom?” (que merda ter que assumir que os meus lábios não são naturalmente rosados e brilhantes) (são, mas é mais de manhã) (shiu, calem-se!).
“Não, aqui não ficou nada...”
“Veja lá aí junto aos documentos.”
“Não, nada.”

A soltar impropérios metade do caminho, regressei ao gabinete.
Ando a dormir mal e se calhar nem cheguei a levar o batom. Devia estar na secretária, a fazer pouco de mim.

Não estava. Caramba. Perdi um batom na semana passada. Este desapareceu num percurso mínimo. Não é possível!

Voltei em fúria à casa-de-banho. (detesto perder coisas)
Olho para o bidé, olho para trás do bidé, olho para o autoclismo, espreito para trás do autoclismo. Mas nada. E nem tinha ideia de o ter pousado.

Ai que é desta que me fico.
A saúde mental já anda por um fio.
Queres ver que agora perco espaços de tempo? Ai ai ai.
Nunca mais como um donut de chocolate recheado de chocolate que o colesterol já me chegou às curvas do cérebro.
Já tenho a cabeça toda apanhada. Ai ai ai.

Desanimada, mas conformada, regressei ao gabinete.
Entrei, dei a volta à secretária e sentei-me.
E então percebi onde estava o c*brãozinho.

Mulher de Sonho, enojada com a perspetiva de pousar seu batom em sanitário alheio, resolveu, no decorrer da sua micção, guardá-lo no forro da tanga.

Sim, meus amigos, acreditem que o digo carregada de vergonha. Mas é a verdade: eu tornei-me numa guardadora de batons em forro de tangas.
As senhoras, presumo que saibam do que estou a falar. Para os senhores: o forro é uma espécie de bolso interior, que algumas peças de lingerie feminina apresentam, na zona em que são reforçadas.

E não só sou guardadora de batons em forro de tangas, como o sou a precisar de Memofant para a veia. Porque fiz o impensável e a seguir apaguei-o da memória. Se alguém teria razão para estar com sintomas de stress pós-traumático não era eu. Era o batom. Ou a tanga.

Só ao sentar-me, minutos mais tarde, é que a embalagem anatomicamente correta - mas de tamanho absurdamente inadequado -, deu sinal da sua presença, alertando-me assim - e agora a vocês - que isto está de facto muitíssimo perto do fim.

Caramba.



9 comentários:

  1. Primeiro as apalpadelas,depois o donuts de chocolate recheado com chocolate.....perdi-me ;)

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    1. O marinheiro mais experiente é o que mantém os olhos na linha do horizonte.

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    2. Mas quando está em terra pode-se dar ao luxo de fechar os olhos.......

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  2. Tu és lixada pá! Um tipo no trabalho, aqui, descansadinho... E lê coisas destas e começa a rir à gargalhada... E fica tudo a olhar para ele!

    Ainda bem que eu não tenho vergonha nenhuma!

    Não precisas de um vibrador? Usa os batons...

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    1. É favor não misturar temas. O assunto aqui é a minha passagem para o outro lado da consciência.

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    2. Orgasmo = Passagem para o outro lado da consciência.

      Não compreendo como estou a misturar temas...

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  3. Visto de fora não assusta tanto.

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