Desde que ontem vi uma notícia no Público sobre um edifício abandonado em Monsanto, que não consigo largar esta fotografia.
É uma de dezassete imagens que acompanham a notícia e que o fotógrafo Rui Gaiola registou neste lugar mágico, construído em 1968, e atualmente no estado que podem ver. Foi um restaurante, agora é um fantasma de cimento e cacos de vidro.
Sempre adorei edifícios abandonados.
Há uma dignidade nas paredes destruídas e nos corredores vazios que não se explica.
É como uma talentosa bailarina, chegada aos 90 anos: o mesmo porte altivo, a mesma graça, mas o corpo amassado da idade e a maquilhagem já borrada, pela falta de vista.
Gosto de pensar nas pessoas que percorreram esses locais, nos encontros e nos desencontros, no significado que poderão ter tido para uma história de amor.
De um grande amor.
Adoraria que alguém pegasse nisto e, mantendo a traça original, o recuperasse. De preferência que fosse a minha tia Alcina e que depois me o deixasse em testamento.
Tia, veja lá isso.
Enquanto ela trata dos papéis de compra, esta imagem não me larga.
Quero imprimi-la e fazer um quadro.
Quero memorizar todos os detalhes. O retorcido do ferro e as manchas do vidro.
Quero lá ir, e ter a certeza que é real, não obra de um qualquer vudu digital.
Vejam mais algumas fotografias e encontrem a vossa obsessão (esta é minha, esqueçam lá isso).
E eu que já estive neste edifício quando ele ainda funcionava... :(
ResponderEliminarTristeza!