quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Como uma traça de roda de um candeeiro

Desde que ontem vi uma notícia no Público sobre um edifício abandonado em Monsanto, que não consigo largar esta fotografia.


É uma de dezassete imagens que acompanham a notícia e que o fotógrafo Rui Gaiola registou neste lugar mágico, construído em 1968, e atualmente no estado que podem ver. Foi um restaurante, agora é um fantasma de cimento e cacos de vidro.

Sempre adorei edifícios abandonados.
Há uma dignidade nas paredes destruídas e nos corredores vazios que não se explica.
É como uma talentosa bailarina, chegada aos 90 anos: o mesmo porte altivo, a mesma graça, mas o corpo amassado da idade e a maquilhagem já borrada, pela falta de vista.

Gosto de pensar nas pessoas que percorreram esses locais, nos encontros e nos desencontros, no significado que poderão ter tido para uma história de amor.
De um grande amor.

Adoraria que alguém pegasse nisto e, mantendo a traça original, o recuperasse. De preferência que fosse a minha tia Alcina e que depois me o deixasse em testamento.
Tia, veja lá isso.

Enquanto ela trata dos papéis de compra, esta imagem não me larga.
Quero imprimi-la e fazer um quadro.
Quero memorizar todos os detalhes. O retorcido do ferro e as manchas do vidro.
Quero lá ir, e ter a certeza que é real, não obra de um qualquer vudu digital.

Vejam mais algumas fotografias e encontrem a vossa obsessão (esta é minha, esqueçam lá isso).




 



1 comentário:

  1. E eu que já estive neste edifício quando ele ainda funcionava... :(

    Tristeza!

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Sonhos