sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

É um alfinete? É um clarinete? Não, é um cunilingus!

Não tendo experiência de vida que me permita conhecer, em primeira mão, o que passa pela cabeça de quem se abeira de um pipi, abordo hoje este tema com base no que me chega de amigos (homens), alarmados pela complexidade da tarefa que se lhes apresenta, e de amigas (mulheres), alarmadas pelo pânico e desorientação de quem tem a tarefa em mãos. Por assim dizer.

Tiro já do caminho que não tenho relatos diretos de abordagens femininas, na qualidade de prestadoras de(ste) serviço. Acho que muitos de nós temos a ideia pré-concebida de que quem tem a maquinaria em casa, e que com ela pode treinar as horas que bem entender, terá a vida facilitada se quiser operar maquinaria alheia, de igual modelo. Preto no branco: uma mulher saberá, melhor do que um homem, o que é bom e o que é mau num cunilingus, caso o esteja a fazer a outra mulher. Não estou segura que seja assim tão linear. Afinal, todos temos pele, dedos, unhas e, às vezes, uma comichão, e nem toda a gente me sabe coçar as costas como eu realmente gosto que me cocem as costas.

Adiante.

Atrevo-me a dizer que todas as mulheres heterossexuais, com vida sexual ativa, e predispostas a receber a dádiva do sexo oral, já viram, num momento ou noutro, um homem panicar perante a enormidade que se lhe apresenta quando desliza abaixo do umbigo da sua parceira. Uns panicam para fora. A maior parte panica para dentro.

Seja como for, assim que mergulham no nosso ventre, já lhes estamos a radiografar a alma, a perceber a agilidade e, no pior dos cenários, a antever longos minutos de silêncio desconfortável.

Sejamos honestos: muitos homens não fazem a menor ideia do que ali andam a fazer. Não têm um plano. Não estão preparados. Não sabem o(s) caminho(s). Foram para a guerra sem estudar o inimigo. Até talvez já ali tenham estado - ou em terreno semelhante - mas acabam sempre perdidos. E como machos que são, nunca pedem indicações. Não pedem, e se as recebem, alguns amuam. É terreno pantanoso, o que atravessa uma mulher insatisfeita com a oralidade que lhe é oferecida. Não queremos quebrar os seus egos da mais fina porcelana, mas há limites para o aborrecimento/incómodo/ridículo.

Tenho uma amiga que namorou um rapaz que lhe fazia sexo oral nas virilhas. E estranhava que ela não urrasse de prazer.
Vocês não sei, mas o único prazer que eu consegui tirar das minhas virilhas foi no tempo da depilação a cera, quando a depilação acabava. E era mais um alívio, do que um prazer. No fundo, o mesmo que sentia a minha amiga, quando ele dava a coisa por terminada. Mas não, por mais que ela lhe dissesse “um bocadinho mais para aqui” ou “eu prefiro neste sítio”, ele lá achava que aquilo é que era. Que tinha uma técnica própria. E que ela é que estava avariada.
O namoro não durou.

Sejamos no entanto justos: alguns homens até têm boa vontade. São esforçados. Tentam isto, tentam aquilo, procuram sinais de contentamento, navegam à vista ao ouvido de um respirar mais ofegante ou de um ai mais prolongado. Os esforçados levantam os olhos, raiados de esperança, queixo húmido e lábios inchados, e pedem validação do que está a acontecer. A parte boa é quando lhes podemos devolver um olhar que diz “não pares, miúdo, estás a ir bem”. A parte má é quando só queremos que aquilo acabe e mentimos dizendo “anda cá, que te quero dentro de mim agora”.

Os manientos também olham. Mas esses olham para ter a certeza que são tão bons como eles sabem que são. Os manientos são os que se acham o Rei do Cunilingus. Os que desfiam promessas de orgasmos de dez minutos, com três passagens de língua e aplicação de uma falange. E que raramente fazem ideia de como dar prazer a uma mulher.
Acho sempre que os manientos nasceram de alguém que não estava para os aturar e que lhes disse que eram os maiores e “anda mas é cá para cima”, e aquilo alapou-se-lhes à alma. Os manientos não são bons porque normalmente vêm com uma fórmula mágica e o sexo não se presta a guiões. A mesma mulher com o mesmo homem pode ter sensações diferentes. Resultar num dia e no dia a seguir não resultar. É assim e há-que aceitá-lo.

Claro que também há os virtuosos. Os que são generosos e humildes e que respeitam as respostas do corpo feminino e que quase nos sabem na ponta da língua (teve que ser). Os que querem aprender os nossos caminhos e que compreendem que, se há mulheres que preferem um ritmo, outras preferem outro. Um dedo, ou dois, não é universal. Intensidade, profundidade, localização - é tudo singular. Faz tudo parte da pessoa com quem se está e no momento em que se está.

Crédito seja dado a muitos homens que retiram satisfação desta prática e que se colocam na arena do prazer de forma absolutamente altruísta. Homens que têm que lidar com depilações mal feitas ou inexistentes (amigas, se não querem arrancar, pelo menos aparem) ou com higienes duvidosas (tenho um amigo que já desistiu a meio do percurso devido a um persistente odor a docapesca e um outro que me diz que a solução, nestes casos, é respirar só pela boca) (f*da-se).

Tudo isto para dizer que:

Homens
Não tenham medo. Oiçam. Experimentem. Perguntem. Oiçam. Se não resultar, tentem mais para o lado. Não desistam. Oiçam. Empenhem-se. Sejam humildes. Oiçam!
E divirtam-se.

Mulheres
Não deixem de lhes dizer/demonstrar o que estão a sentir. Não desistam, nem à décima quarta vez. Sabemos que é mais fácil ensinar um cão a fazer um refogado, mas persistam. E sobretudo, não os enganem. Mentir neste contexto é comprometer a sexualidade feminina, pela qual tanto batalhámos (e além disso, pensem lá na próxima vítima) (temos que ser umas para as outras).


Se gostaram do tema e quiserem mais - "ai e tal tenho a mania que falo sobre estas coisas"- podem ter mais aqui (sobre fingimentos) e aqui (sobre sexo oral masculino).

 

 

5 comentários:

  1. Anónimo14:36

    Mais uma sexóloga de serviço......ensinar a um homem a arte (teoria e técnica) do minete é como tentares reduzir a zero a divida portuguesa em pelo menos 100 anos


    LaVieenRose

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  2. Estamos de acordo, portanto. Mas não sou sexóloga. Nem estou de serviço.
    É uma arte, mas não a tentei ensinar. De todo.

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  3. Ahahahah...até me fizeste rir com tão pormenorizada explicação. :) :)
    Mas tens muita razão no que dizes. E mais não digo. ;)
    beijinho

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  4. Não sendo um maniento (acho que sou mais esforçado e altruísta), acho que tenho jeito para a coisa. E já escrevi algures sobre isso no outro blog que te mostrei.

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  5. Pá, de onde andei com a boca e de onde ando com a boca parece que faço a coisa bem feita, porque mo pedem e ao fim de algum tempo pedem PÁRA PÁRA e começam a espernear e a escorrer avidamente da vagina.
    E independentemente de todo o aparato das tuas colegas e do meu desempenho, gosto de lá ir.

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