sexta-feira, 21 de março de 2014

Cair verticalmente no vício

Há pessoas que acham que o sexo só é bom sexo se o grau de exigência física estiver ao nível do pentatlo. Se a dada altura alguém estiver em perigo de deslocar uma omoplata, a coisa está a correr bem. Ou mias com cãibras ou não és parceiro à altura.

Há quem ache que há um número mínimo de posições a percorrer até se poder apitar para o fim da partida.

Há mesmo quem rotule um coito como coito aborrecido se os corpos se mantiverem paralelos durante a sua duração. E se a sua duração for curta.

Eu discordo.

Lá porque conhecem 143 posições em que um pénis é capaz de entrar numa vagina (e sair) (e voltar a entrar) (e por aí fora), não significa que, em todas as vezes que se entregam aos prazeres da carne, seja necessário passar revista a tooodas as posições. Às vezes, menos é mais, ou simplesmente, é o que é, não é o que tudo o que poderia, em teoria, ser.

Uma relação sexual pode ser plenamente satisfatória sem o vosso dedo grande do pé ser apresentado à testa do parceiro. Sentir é sentir, de cócoras ou em conchinha. E tenho de fonte segura que se podem atingir orgasmos sem passar pelas aulas do Chapitô. Juro.

Acho lindamente que se descubram novos prazeres, que se afinem posições, que se teste a resistência dos candeeiros de teto. Sou pela felicidade sexual e acho que ela (também) depende da variedade. Mas não de forma imposta ou forçada.
Porque se não desfizermos a cama, não foi bom. Porque se não te fizer suar 3 litros, não te chego. Porque “primeiro chupas tu, depois chupo eu, depois tu em cima, depois eu em cima, depois de quatro, agora de pé e no fim vamos para o telhado” é um guião. E os guiões não têm lugar no sexo. Só nos filmes de sexo. E mesmo nesses...

Convenhamos: há alturas em que não estamos para inventar. Ou porque estamos mais cansados ou porque há menos tempo ou porque há crianças, ou porque contra a mesa de jantar onde comeram os sogros na noite anterior já é suficientemente radical.

Há momentos em que estar apenas deitado em cima - ou em baixo - de quem se gosta, é muito melhor do que f*der à porn star.

Dez minutos de manhã, depois de tocar o despertador, podem ser bastante mais divertidos do que quatro horas de pele a cheirar a queimado. O Sting que me venha dizer que não gostaria de se vir nos 7 minutos que leva o esparguete do jantar a cozer. Pois sim.

Tirar dias completos para sexo? Totalmente a favor. Mas não me parece que haja tempos mínimos para o coito se poder qualificar como tal.

Desde que os envolvidos estejam envolvidos, tanto faz estar-se em posição missionária durante nove minutos, ou quarenta e cinco num mortal encarpado à retaguarda.

Portanto, guardem lá os kamasutras de bolso, os cronómetros e o red bull porque o que verdadeiramente importa, como dizia o poeta, “(…) é não ter medo: fechar os olhos frente ao precipício e cair verticalmente no vício”.

Não era sobre sexo. Mas podia ser.



Para os casais, recomendo este livrinho. Estão lá as posições todas.
Reconhecem alguma?







7 comentários:

  1. A do mortal encarpado matou-me! Ainda me estou a rir. Eu cá penso que esse tipo de sexo acrobático só mesmo com um parceiro da trupe do Cirque de Soleil!

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  2. MMS, darling! Estou tão de acordo com o teu post... Habitualmente eu e a T rimo-nos das nossas "rapidinhas de 40 minutos" porque gostamos tanto de navegar nas curvas um do outro que nunca nos chega só os tais cinco minutos. Mas há dias (e esses são as excepções) em que vamos para a cama para dormir e estamos ali 5 minutos no bem bom só porque sim. Ou quando nos beijamos enquanto a sopa está a fazer e nos entusiasmamos mas ela não pode queimar...
    Revi-me tanto mas tanto no teu post... :)

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  3. aahahah!!!!

    x'D

    ... lindo... lindo...

    (ainda me dói a barriga de tanto rir..)

    Mas agora a sério, quando se sente realmente bem com o seu parceiro, não há cá cornometros, ou acrobacias que o valham, é como é, e pronto! e é bom assim, tal como é.. sem tempos nem records, nem piruetas de circo...

    Não sou da apologia do guião, para nada, e concordo plenamente que, é giro experimentar coisas novas (porque não!?!), mas há aqueles momentos em que realmente é assim e já está, e nem po risso deixa de ser menos bom!

    Adorei!

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  4. Gosto disto... É que é mesmo isto. Pode ser a rapidinha da manhã, como pode ser aquela sessão em que se extravaza todos, ou quase todos os truques acrobáticos que temos conhecimento... Dispenso ter que ir ao Yôga...

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  5. E os 'cornometros' :) ?!?!

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  6. Concordo totalmente contigo. E adorei estas imagens. Não conhecia e já me fartei de rir. :)
    beijinho

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  7. @Um Dia sim.. cornometros ;) (iamginação e criativiadade são as palavras chave )

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