quinta-feira, 6 de março de 2014

O tempo é o que (não) fazemos com ele

Aproveitando o feriado de terça-feira de Carnaval - a que tive direito por uma qualquer cláusula técnico-administrativó-legal aborrecida - marquei a segunda e a quarta-feira de férias. Três dias colados ao fim de semana viriam mesmo a calhar.

Precisava do descanso, fruto das repetidas violações da minha sanidade mental no trabalho. Precisava sobretudo de não ter quarenta novos emails de cada vez que me levanto para ir à casa de banho. Isso é importante para que consigamos viver em sociedade sem esfaquear outros seres humanos com colheres de chá. Nas pálpebras.

Como mudei de casa há pouco tempo, ainda tenho imensa coisa para organizar. Esses dias ajudariam a que finalmente o meu escritório deixasse de parecer o corredor 11 do armazém do Ikea.

Não tenho tido vontade de explorar o meu novo bairro - fruto do mau tempo e dos dias intensos de trabalho que só me fazem querer ancorar Sábados e Domingos inteiros no sofá, a escorrer contínuos fios de baba nas almofadas. Seria uma excelente oportunidade para o fazer, sem a confusão do fim de semana. Com o anúncio do alívio da chuva, o plano era perfeito.

E, claro, aproveitar os três dias para fazer uma desintoxicação das habituais asneiras alimentares do fim de semana e reforçar as doses de sopa, fruta e de sumos saudáveis.

Portanto, cinco dias recheados de afazeres, mais ou menos agradáveis, mas sobretudo necessários.

Balanço dos cinco dias recheados de afazeres, mais ou menos agradáveis, mas sobretudo necessários:

Não arrumei um caixote, um dossier, uma peça de roupa. Nada. Zero. Está tudo igual, num cenário entre o tal corredor 11, a Feira de Carcavelos e uma casa com sete poltergeists.
Não conheci uma nova rua, um novo vizinho, uma nova loja no meu bairro (mas fui várias vezes à Padaria Portuguesa) (que já conhecia) (bem).
Consultei o email do trabalho todos os dias. TODOS os dias.
Fiz um bolo e comi-o quase todo. Fiz arroz de marisco para quatro (não vou comentar). Descobri o tempo perfeito para as pipocas do Pingo Doce ficarem estaladiças no micro-ondas (não vou comentar).
Vi os Óscars em direto. Vi vários filmes e muita trash tv. Nunca me deitei antes da uma e meia da manhã. Esta noite deitei-me às três.
Num dos dias andei quase 30 kms de bicicleta (ao menos isso) e agora tenho a marca do selim gravada (para sempre) nas nádegas.

Portanto, de volta ao trabalho, com olheiras a rojar pelo chão, humor se-falas-comigo-apresento-o-meu-enrolador-de-pestanas-à-tua-massa-encefálica (via tuas-narinas), caramelo a (es)correr nas veias e um sentar elegante de quem foi sodomizada durante duas horas por um selim feito de cimento (só pode).

Não é tão bom ir de férias?



7 comentários:

  1. Ir de férias é muito bom... mas os planos saem sempre "furados"... A mim, pelo menos... Mas parece que não sou a única. :)

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    1. O segredo, nestas férias em que não se vai para lado nenhum, é ser realista. Eu não fui. A realidade impôs-se.

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  2. diz-me o tempo das pipocas, PLEASE!

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    1. Percebo a urgência. Eu carbonizei dois pacotes antes de chegar lá. Depende, claro, do micro-ondas, mas o meu, na potência máxima, demora dois minutos e dez segundos. Como vês, há aqui rigor. Não brinco, quando se trata de comida.

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  3. 2 minutos e 10 segundos ... Challenge accepted!!

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  4. Isso do selim passa, quer é regularidade... Uns calções almofadados também ajudam... ;)

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    1. Planeio insistir no fim de semana. Enquanto me conseguir sentar, não vou desistir (já não faltará muito)

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